quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Saia justa

Um dia você vai andando leve pela vida e, de repente, tropeça em um pedido. A sensação é mais ou menos como se num passe de mágica o tivessem tirado de uma confortável túnica e o envelopado numa saia justa.
Há várias maneiras de deixar alguém constrangido. Fazer pedidos inapropriados é uma delas. Há solicitações que ferem princípios e, ao contrário do senso comum de que “perguntar não ofende” (algumas perguntas são verdadeiras ofensas), há pedidos que, feitos através de perguntas ou não, ofendem.
Alguns ofendem moralmente, outros ferem a inteligência. Há pessoas que esperam de nós cada coisa que nos pomos a pensar:  mas quando é que foi mesmo que eu transmiti a ideia de que isso era possível?
Imprensar o outro entre os próprios limites, princípios, crenças, diretrizes e o bem querer que tem por alguém é cruel e desleal.
Falo em bem querer porque normalmente tais solicitações provêm de pessoas que sabem exatamente a medida do afeto que se tem por elas. É valendo-se desse afeto que dardejam o que querem  no peito do outro sem  que isso lhes cause incômodo.
É simples e indolor negar algo a alguém com quem não se tem nenhum envolvimento. De quem não se espera compreensão. E não é uma compreensão da situação somente, mas a compreensão de você como um todo, como o ser humano que é.
É preciso, antes de solicitar, avaliar a exata noção dos limites do outro.
Noção. A palavra é essa. Bem desse jeitinho que está na moda, à maneira da gíria. Senso. Bom senso.
Algumas pessoas esperam de nós aquilo que não podemos ou não queremos ser, aquilo que não temos para dar.
O que fazer quando recebemos pedidos assim? Negar, é claro. Ainda que por vezes seja necessário vencer nosso próprio calvário.
Afinal, podemos romper com qualquer pessoa, menos com nossa essência.

3 comentários:

  1. Bom dia Marise!!!
    Deus a abençoe. Li e concordo, porque estou passando por uma situação semelhante, com uma prima carente de tudo e que acha que eu por dar-lhe atenção, posso resolver coisas que só ela com a ajuda de Deus poderia se quisesse...ir com calma agindo. Está me deixando muito preocupada e apenas o que posso é dar-lhe alguns conselhos, que ela mal ouve e torna a repetir tudo. Não sei, sinceramente como fazer p magoá-la.
    Quanto a voce, está de parabéns alma iluminada e transparente naquilo que escreve. Mulher de garra, muito esforçada e inteligente. A sua sensibilidade, salta naquilo que vem do coração e mente e explode em palavras. Muito obrigada, pessoa que se faz presente de uma maneira maravilhosa. Valeu!! Vou lendo aos poucos e comentando.

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  2. Corrigindo acima...digo para não magoá-la!!!
    E beijocas carinhosas com um final de semana iluminado por Deus!
    Célia Rossi

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  3. Marise, não te devo mais a visita ao blog! Amei a crônica "Saia justa". Como não se identificar? Como não perceber sua sensibilidade e sua sintonia fina com a alma humana? Escrever é mesmo isso, não é: estar em sintonia, estar em contato com o que há de mais humano, porque, se for diferente disso, pra que escrever?
    AMEI!
    E vou seguir, de tempos em tempos, lendo, deliciando-me e comentando...
    Beijos.
    Lu

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