Sempre que eu ouço alguém classificar peremptoriamente desistência de fraqueza, eu sinto um incômodo descomunal. Quem foi que disse que só se desiste daquilo que não queremos alcançar? Pelo caminho, apresentam-se várias oportunidades e, vamos acordar, nem todas sãs. E por que insistir nelas, então?
Desistir também é força. De vontade, de caráter. Pode ser resiliência até. Abrir mão do que se quer pelo que faz bem pode ser um desafio e tanto.
No amor, por exemplo, desistir pode ser a prova mais difícil a se enfrentar. Pode ser uma corajosa opção por si mesmo. Uma renúncia aos afetos que lhe fazem mal. O reconhecimento de um relacionamento tóxico. Uma tremenda declaração de amor próprio.
Desistir quando se ama e de quem se ama exige força e determinação. É preciso tomar impulso para sair de um relacionamento amoroso que não o faz feliz e não lhe confere paz, e, muitas vezes, não olhar para trás para que não seja alimentado o desejo de voltar.
Sofre-se de saudade, de bem-querer, de vontade do que ainda não tinha sido. Do desmoronar de planos. Depois de escolher a si mesmo, desistir é uma prova de resistência diária e pode ser dolorosa.
Ao contrário de fraqueza, em muitos casos desistir é pura demonstração de potência. Coragem de acolher quem se é, de decidir mudar o próprio rumo e se fazer mais feliz.
Pensando bem, pode soar como insolência alguém desmerecer o esforço alheio para reconhecer seus próprios limites.
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