Noite
passada tive um sonho tão esquisito... Sonhei que, num discurso, as estratégias
de convencimento eram embasadas em argumentos sólidos, que podiam até ser de
natureza diferente, mas que o fundamental era conferir credibilidade àquilo que
estava sendo dito.
Nesse meu sonho, o discurso tinha a
finalidade de apresentar o ponto de vista de seu autor e até de tentar
convencer o interlocutor (vai que dá certo), mas não havia nada relacionado a
agressões, deboches e ofensas para atingir seu objetivo (me parece que esses
eram elementos de opressão, não me lembro bem). Havia só mesmo a apresentação
de argumentos plausíveis que provocassem a reflexão no receptor da mensagem.
Veja só, se sonhar com isso
já não fosse suficientemente absurdo, no sonho, as pessoas conseguiam
conversar, bater papo, discutir sobre História e até sobre política sem que
isso obrigatoriamente terminasse em brigas, rompimentos, mágoas e raivas
profundas. Havia um negócio bem sinistro que se chamava diálogo e as conversas,
muitas vezes, provocavam no outro o desejo de conhecer a essência do assunto
discutido. Pasme, vezes terminavam até em pesquisas. Outras terminavam em
decisões advindas do seguinte questionamento: legalmente, o que é que posso
fazer para mudar isso? (Tinha uns troços muito loucos, tipo: assinar petições
públicas, acionar o Ministério Público, participar pacificamente de
manifestações e outras coisas das quais eu jamais havia ouvido falar).
Eu sei, isso tudo é
surreal, mas o que mais me impressionou mesmo foi que, no sonho, concordar e
discordar não eram pecados mortais.
Sonhei que discurso de ódio
e que vociferação gratuita eram estratégias estéreis e que todos sabiam disso.
Eu, hein! É cada coisa
maluca que a gente sonha... Melhor eu continuar olhando pro céu que a noite está
linda. Daqui a pouco é hora de sonhar novamente.
23.04.2016
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