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Há uns caras que falam direitinho
no ouvido que a gente escuta, têm conexão direta com o nosso entendimento, com
a nossa maneira de enxergar o mundo e, sobretudo, com o nosso jeito de sentir a
vida. Aquilo que eles, muito mais do que outros, falam faz sentido imediato pra
gente. Cada um tem esse ou aquele escritor que é especialista em dar um
plazinho, que fica reverberando horas, dias, meses, vida
afora, no pé da sua orelha.
Para mim, alguns a quem costumo
chamar de preferidos, estão nessa onda aí. Eles escrevem ou falam lá do seu
jeito e plim, tocam o sininho da afinidade aqui dentro. Martha Medeiros é uma
dessas. Pois é, acabo de saborear Felicidade crônica e a autora me deixou com gostinho de quero mais. Não só da
série de “livros crônicos”, que são três: Felicidade crônica, Paixão crônica e
Liberdade crônica, mas de quero mais vida também. Mais vida, mais viagem, mais
música, mais cinema, mais visão desencanada dessa nossa passagem por aqui e o
que é fundamental: mais leveza.
Felicidade crônica é dividido em
quatro seções instigantes para quem quer seguir os dias praticando o deboísmo,
sem perder a noção da realidade: Curtir a
vida, Amor-próprio, Família e outros afetos, e Viagens e andanças. Em cada uma das
partes há textos apetitosos que fazem você parar para pensar e sentir uma
deliciosa e saudável vontade de descomplicar sua própria existência. De ficar
de boas com a vida e aproveitar melhor sua estada no Planeta.
Daqui de onde estou em minha caminhada, avalio que são crônicas
fundamentais desse trabalho: Muito barulho
por tudo, O que acontece no meio,
O mundo não é maternal, Órfãos adultos, Feliz por nada, Falhas e A capacidade de se encantar. Ah, sim! Ainda
há os textos da categoria imperdíveis: Admitir
o fracasso e Carta a João Pedro estão
nessa daí. Nesse último, a autora escreve uma amorosa carta a seu sobrinho
recém-chegado e descreve amorosamente para ele o que é a vida, fala sobre alguns
aspectos do Brasil e, ainda, lhe diz como levar a vida leve. Fala sério, quem
não queria ter uma tia dessas e receber tais dicas logo na primeira infância! O
fato é que ela fala pra ele, mas escreve para a gente, e todos saem no lucro, independente da idade que tenham.
Martha é o tipo de escritora que,
não raro, costuma me encantar até quando divergimos essencialmente sobre algum
assunto. É o acontece em Feliz por nada,
por exemplo. Para ela, autoconhecimento não é algo essencial para alcançar a
felicidade, para mim é indispensável. E nem por isso deixei de adorar e
compartilhar o texto. Ou alguém acha que dá para resistir à frase: “Você é o
que é, um imperfeito bem intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.”
Não sei se acontece com vocês,
mas pra mim tem sido um desafio enorme ler um romance do início ao fim. Os
estudos, o trabalho, as tarefas, a leitura do noticiário, o dia a dia, tudo concorre para transformar
meu tempo para a leitura de romances numa aventura épica. Desse modo, tenho me
dedicado ainda mais à leitura de contos, crônicas e poemas, textos mais curtos
e nem por isso menos densos (caso comum na poesia, por exemplo) ou menos ricos. O que não
consigo mesmo é ficar sem ter um bom livro como companhia. Bons textos invariavelmente me fazem crescer e gosto disso sobremaneira.
Sempre gostei de crônicas, mas nesse momento, elas estão ainda mais presentes na minha vida e Martha Medeiros tem sido companheira constante nessa jornada. Nunca é demais lembrar que a escritora está com um trabalho novinho em folha na praça: Quem diria que viver ia dar nisso, uma seleção de mais de 100 crônicas para apreciar e sorver. Quanto a mim, acabo de ganhar Liberdade crônica, um delicioso presente de Páscoa, que já comecei a degustar.
Ler é, sem dúvida, encontrar as chaves de cadeados, se libertar.
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Sempre gostei de crônicas, mas nesse momento, elas estão ainda mais presentes na minha vida e Martha Medeiros tem sido companheira constante nessa jornada. Nunca é demais lembrar que a escritora está com um trabalho novinho em folha na praça: Quem diria que viver ia dar nisso, uma seleção de mais de 100 crônicas para apreciar e sorver. Quanto a mim, acabo de ganhar Liberdade crônica, um delicioso presente de Páscoa, que já comecei a degustar.
Ler é, sem dúvida, encontrar as chaves de cadeados, se libertar.
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Um pouco de Martha Medeiros:
Feliz por nada
Feliz por nada