De todas as tragédias humanas, aquela
que considero mais impressionante é alguém perder-se de si mesmo. A sucessão de
escolhas mal feitas, a má sorte e a crença em ilusões para a tomada de decisões
são maneiras eficientes de atingir esse destino.
A perda de uma ilusão pode,
muitas vezes, nos mostrar o quanto a vida pode ser dura. É aí, nesse ponto
nevrálgico da existência humana que o longa “Estive em Lisboa e lembrei de você”
faz sua arte.
O filme é uma porta aberta para o
território das reflexões e aborda delicadamente a profundidade de uma vida
triste. Trata-se de um escrutínio do papel importante e definitivo que cada uma
de nossas escolhas desempenha em nossas vidas.
Não é possível dizer que se consegue
sair do cinema sem algum grau de aflição. Durante a projeção fica-se o tempo
todo com o coração inquieto a espera de um desfecho trágico e clichê, o que não
acontece. A tragédia existe, no entanto é exposta não pelo desespero, mas por
sua afinidade com a realidade. É a proximidade com o real que nos arranca a
tranquilidade e que nos põe a pensar.
Todo mundo conhece um Serginho.
Um cara que tinha uma vida toda pela frente e que de repente, sem mais nem meio
mais, enfrenta a explosiva combinação de uma sorte ruim com conselhos
desacertados e escolhas mal feitas.
Todo mundo conhece alguém que se
perdeu, que se afastou de si próprio nas asas de uma ilusão. Todo mundo já fez
escolhas mal feitas. Todos se sentem, em alguma medida, vulneráveis diante da
história do mineiro Sérgio.
Pouco a pouco, cena após cena,
vamos descortinando uma certeza que todos nós temos e que, no entanto, não
queremos admitir: o mundo não é lugar para os ingênuos e tampouco perdoa os
incautos.
A perda das raízes, do sentido de
viver é o ponto alto do longa metragem. A trama aborda ainda outros pontos
importantes, como a inabilidade de alguns profissionais de saúde mental em
lidar com um surto psicótico, a importância de amizades verdadeiras, sobretudo
quando se está em terra estrangeira, a superação e a sucumbência aos vícios,
tais como o cigarro e a bebida alcoólica, a vulnerabilidade a que a paixão nos
expõe.
“Estive em Lisboa e lembrei de você”
é uma produção para aqueles que gostam de análises profundas e que estão
preparados para sair do cinema com a sensação de terem levado um certeiro e
desconcertante soco no estômago.
Tema interessantíssimo relacionado ao nosso cotidiano. Quem não conhece alguém que fez escolhas erradas? Porém taís situacoes levam, geralmente, ao julgamento e não à reflexão. Vou assistir. Bjuuussssss
ResponderExcluirOlá, Inês!
ExcluirAcho que vai gostar do filme por dois motivos: você gosta de temáticas complexas e acabou de voltar de Lisboa. Vale a pena conferir.
Beijo grande.
Tema interessantíssimo relacionado ao nosso cotidiano. Quem não conhece alguém que fez escolhas erradas? Porém taís situacoes levam, geralmente, ao julgamento e não à reflexão. Vou assistir. Bjuuussssss
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