quarta-feira, 13 de julho de 2016

Das coisas que não entendo I

Claramente passamos por tempos difíceis em nosso país e, cobertos de razão, cobramos lisura e conduta irrepreensível de nossos governantes. Não é raro ouvirmos sentenças iniciadas por “o governo devia” (e, muitas vezes, devia mesmo). Até aí morreu Neves enforcado em um pé de couve. Entretanto, tenho me intrigado sobremaneira com as coisas que são da nossa “governabilidade”.  As coisas que estão ao alcance de nossas mãos e que, por uma razão ou por outra, teimamos em não fazer.

Há atitudes que cabem a cada um de nós tomar e que são ignoradas ou postergadas infinitamente. E aqui poderia listar um rol enorme e falar sobre corrupção, sobre política, sobre mil e uma coisas, mas o que me interessa hoje é o transporte público no município de Petrópolis-RJ, que é onde moro e, portanto, a realidade fica mais próxima.

Primeiramente, por transporte público nessa cidade é preciso entender ônibus. Não há alternativas. Sim, há muitos problemas: veículos mal conservados, superlotação, poucos horários disponibilizados para cada linha. No entanto, o que tem me incomodado mais nesse momento é o tratamento dispensado aos idosos.

É sabido que há quatro ou cinco acentos prioritariamente para idosos, gestantes e portadores de necessidades especiais disponibilizados na parte dianteira de cada veículo (acentos que ficam antes das roletas) e outro tanto na parte traseira dos ônibus (depois das roletas). Até aí, novidade nenhuma, visto que isso acontece em muitos municípios Brasil afora.

O que não consigo entender mesmo é um comportamento que considero cultural: os condutores (não sei se por determinação expressa das empresas ou não), invariavelmente, abrem, para o embarque de idosos e demais usuários “prioritários”, somente as portas “do meio” do coletivo.  Assim sendo, os passageiros que se encaixam nessa categoria não têm acesso aos acentos a eles destinados na parte dianteira dos veículos. Eu, hein! Não consigo entender. Enquanto alguns passageiros da terceira idade esforçam-se por manter o equilíbrio nos corredores, muitas vezes, jovens aparentemente saudáveis e em pleno vigor físico seguem confortavelmente instalados nos acentos prioritários.

Nem preciso falar que anda cada vez mais raro encontrar quem ceda lugares às pessoas mais debilitadas (falamos disso hora dessas). O que quero, contudo, ressaltar aqui é o descaso institucional, consentido por usuários que, como eu e tantos outros, utilizamos tal transporte público.

Impedir alguém de exercer um direito é também uma forma de violência. Omitir-se diante dessa situação é ser conivente com ela. Precisamos mudar essa realidade. 

 



Encaminhei cópia do texto para as instituições relacionadas abaixo, que acha de manifestar-se a esse respeito também?

- Câmara Municipal de Petrópolis
  http://www.cmp.rj.gov.br/index/fale.html

- Conselho do Idoso
  cmddpi@gmail.com

- Cia. Petropolitana de Trânsito e Transportes
   http://www.petropolis.rj.gov.br/cpt/index.php/contato.html


- Sindicato das Empresas de Tranportes Rodoviários de Petrópolis
  http://www.setranspetro.com.br/contato.htm



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