quinta-feira, 14 de julho de 2016

Contemplativa

É julho. Os dias estão mais frios, embora ensolarados. As manhãs mais claras e douradas e as tardes alaranjadas. Há nuvens cor de rosa no céu ao entardecer. As copas das árvores estão mais verdes e salientes. O azul celeste mais celestial que nunca. Há flores, cores, perfumes. Julho é pura sinestesia.

As noites estão mais negras. As estrelas mais brilhantes. A lua mais prateada. A brisa sopra bem mais fresca, ainda que não chegue a ser cortante. Os casacos saem dos armários e gavetas e vêm aquecer seus donos. O inverno faz-se ver a olhos nus.

É julho. Estou em Petrópolis.  Está aberta a temporada de contemplação da natureza. A cidade está em festa. Há tantas flores por aqui. Espatódeas, mulungus, rosas, lírios, tumbérgias e cerejeiras. Os pássaros estão em alvoroço. Como não ouvir a algazarra das maritacas?! Os quatis colhem as nêsperas nos pés. O frio faz bem ao que percebo. Às plantas, aos bichos e às gentes que se põem a observar essa profusão de cores e tamanhos e belezas várias.

A luz é tanta, os dias têm estado tão belos, que os monumentos estão ainda mais monumentais e atraentes.

Ah, as cerejeiras! As cerejeiras são uma emoção à parte. Há uma poesia particular em suas nuances de rosa. Há um tanto de magia nas pequenas pétalas espalhadas pelo chão. É julho e o Quitandinha floresceu. As copas cor de rosa esbanjam charme. Atraem olhares. Arrancam cliques e flashes.  A beleza fugaz das cerejeiras desperta o desejo de eternidade. Espocam fotografias por toda parte.

Adultos, crianças, jovens, idosos... cerejeiras, fotos, sorrisos. São famílias inteiras passeando pelo jardim do palácio. Encontro de gerações, pura integração. Onde quer que se passe, suspiros e exclamações. As pessoas parecem mais felizes com a exuberância rosada de uma sakura. Tudo fica incrivelmente mais mágico e bonito perto de uma delas.

A floração das cerejeiras esse ano chegou como um bálsamo para tantas tensões que temos vivido. Tem cumprido sua missão com louvor: fazer brotar em cada um a capacidade de sonhar, de observar, de apreciar.

Entre abelhas, gentes e beija-flores a natureza desabrocha e nos desperta as sensibilidades. Muita vez a beleza nos salva, nos devolve o equilíbrio.

É hora de contemplar.



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