sábado, 10 de setembro de 2011

Não é segredo

Não é segredo: gosto de música. Quase todos os estilos. Muitos ritmos. Praticamente, de tudo um pouco. Na música estão as sensibilidades expostas ao som de arranjos e detalhes que para mim são denso mistério. Beiram a magia. Letras, versos, entonações, variedades. "Tudo ali às claras", como diz Djavan, ainda que em outro contexto.
Seja diante das dificuldades ou mesmo das alegrias, a música me faz companhia. Vezes estou meio Chico Buarque em “roda viva”: “tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”,  noutras um tanto Tony Garrido “na estrada”: “você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui”, de uns tempos pra cá, invariavelmente, Vinícius de Moraes nos sábios versos do “samba da bênção”: “é melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, é assim como a luz no coração”.
Com o tempo, vai-se aprendendo a cultivar a alegria.  A não deixar que o azedo, que vezes se apresenta na vida, tome conta de todo o dia, mês, ano. Aprende-se a extrair o bom que há em cada coisa e a valorizá-lo preponderantemente. Fica-se um pouco mago especialista na alquimia de tornar palatável o dissabor dos desgostos.
A mente humana é um universo fantástico. Nela reside a capacidade de ser feliz. Já repararam como o mesmo fato adverso é recebido de maneiras totalmente diferentes pelas pessoas? Algumas transformam as adversidades em preciosas lições e fazem delas um mote para a conquista de uma vida ainda melhor. Outras fazem do fato indesejável revolta e sucumbem na angústia gerada por ela. Há aquelas que se deixam imobilizar pela dificuldade, que são presas pelos tentáculos dos acontecimentos. Ficam estagnadas, gravitando ao redor de um problema.  Há quem encare cada obstáculo como merecimento. Esses se aprisionam na culpa. Perdoar-se é também um caminho para a felicidade.
O fato é que o funcionamento da mente humana está intimamente ligado à possibilidade da experimentação da felicidade. Tristeza, frustrações, decepções existem. É preciso aprender a lidar de maneira saudável com elas.
Felicidade é também uma questão de foco. Há que se ter bem claro o objetivo e a determinação de ser feliz. É necessário decidir pela felicidade, antes de tudo. A vida apresentará dificuldades durante todo o tempo para a maioria absoluta das pessoas. Como reagir? Aí está a chave para o bem-estar.
Há pessoas que não conseguem sequer ficar alegres diante de boas novas. Diante de acontecimentos que deveriam gerar contentamento.  É gente que, diante de uma imensa tela branca,  é capaz de notar somente uma manchinha qualquer num cantinho do tecido.
Entender que dificuldades se apresentarão sempre na jornada da vida facilita, e muito, as coisas. É claro que fatalidades acontecem.  E aqui não posso deixar de me lembrar do exemplo de otimismo e de coragem dado por Lars Grael, quando da amputação de sua perna em um acidente. Diante do trágico, sua mente sã preferiu ficar com a parte boa. Ele estava vivo! Depois do acidente, se empenhou em voltar a velejar. Deprimiu. Superou. Botou a fatalidade no bolso. Venceu.
É feliz aquele que consegue extrair da Vida mais alegrias do que tristezas (por mais óbvio que isso possa parecer é preciso lembrar). Os acontecimentos ruins estão aí o tempo todo, o peso que damos a eles na balança da Vida é que pode fazer a diferença.
Viver é mesmo uma arte. Algumas vezes com sabor de uma enorme travessura. E já que não é segredo que a música faz parte de mim e que eu a encaro como a parte mais melodiosa da Filosofia, diante de obstáculos, sigo cantando alguns versos reveladores de um delicioso pagode: “às vezes a felicidade demora a chegar, aí é que a gente não pode deixar de lutar. Guerreiro não foge da luta e não pode correr (...), na vida é preciso aprender: se colhe o bem que plantar (...), basta acreditar que um novo dia vai chegar.”

Assista:
Over the rainbow 
The Piano Guys




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