domingo, 12 de junho de 2011

Tintim!

Há palavras que trazem em si mesmas um bom astral. Sim, há palavras que têm uma energia boa e que evocam a ideia de carinho, de felicidade, de gargalhada, de alegria ensolarada da hora do recreio. A palavra namorado é assim.

Namorado traz em si mesmo a noção de espírito em estado de festa, de leveza, de coleção de momentos iluminados pelo riso, pelo afeto e por esse sentimento de que todo mundo fala o tempo todo: o Amor.

Coraçãozinho pra lá. Coraçãozinho pra cá. Em junho há uma invasão dos símbolos românticos para seduzirem os enamorados de plantão. Não há vitrines sem ursinho. Restaurantes sem rosas e velas sobre as mesas. Anjos que não sejam cupidos. Rádios sem flashbacks. Canais de TV sem anúncios com beijos apaixonados. Mais do que andarem felizes e sorridentes por aí, nesse mês (estou falando dos brasileiros) os namorados querem demonstrar esse afeto todo existente entre o casal.

Namorar pressupõe amar alguém. Namorar pressupõe felicidade por estar junto de alguém. Namorar tem aquele significado mágico de ter encontrado um par com quem dividir os contentamentos e as preocupações desse vidão que se apresenta a cada um de nós. Namorar é um compromisso assumido com a satisfação impressa no rosto.

Talvez seja por isso, pela ideia feliz que a figura do namorado evoca e provoca, que a grande maioria das pessoas “sozinhas” queira ter um namorado. Sozinhas entre aspas mesmo, porque ser sozinho, em absoluto, significa a mesma coisa que ser solitário. Há muita diferença entre um e outro conceito, mas esse é assunto apropriado para outro momento.

“Namorado” é palavra tão gostosa, tão confortável que alguns casais, assumindo um compromisso mais sério, preferem-se denominar “namoridos” a chamarem-se de esposos. Olha a manutenção da leveza aí.

No entanto, ao tratarmos de sentimentos, nem tudo é leveza e paz. Alguns relacionamentos são tão indefinidos que acabam por gerar em seus pares um extremo desconforto: o que será? - perguntam-se a si mesmos.

Parece verdadeiro que o fenômeno da globalização, de alguma maneira, tenha rompido também as fronteiras, vezes tênues,  entre os conceitos. Sendo assim,  de repente, surpreende-se alguém de nosso tempo sem saber lá muito bem em que tipo de relacionamento está mesmo inserido. É comum que alguns não saibam se estão “ficando”, se estão namorando, se estão tendo um caso, se cruzaram a fronteira dos amantes. Vira-e-mexe é fácil encontrar alguém aturdido em meio a esses questionamentos. Numa sensação de que “nada combina com coisa nenhuma”.

De fora parece muito simples classificar um relacionamento. Dentro dele, entretanto, em meio às emoções que desperta, aos sentimentos que provoca, às características que tem, a visão fica turva e a clareza quase desaparece por completo. Se houver nele a presença da paixão então, aí é que as capacidades de análise e de síntese ficam totalmente comprometidas e promover a definição de alguma coisa é tarefa quase impossível.

É importante que um relacionamento assuma uma configuração? Parece que sim.  Consciente da natureza do relacionamento, cada um sabe melhor o que esperar do outro e o que doar de si também. Não constrói castelos de areia e tampouco caminha para a frustração. Ter clara a noção do tipo de relacionamento em que se está inserido é mais ou menos como saber para onde fica o Norte e, desse jeito, saber qual é o curso que se deve seguir.

Talvez uma pista para que os “indefinidos’ comecem a achar definição seja responder a uma simples pergunta: o que fazem namorados? Namorados namoram, claro. Se em um relacionamento não há tempo nem espaço para o namoro, isso pode ser um indício de que namorados é que não são.

Para namorar é preciso sentir. Namorar no sentido próprio da palavra. NAMORO assim todo maiúsculo pressupõe leveza, prazer, sutileza, amor, cumplicidade, felicidade.  Alegria em estar com o outro. Namorar é estado de graça. 

Nesse 12 de junho, um brinde aos namorados que em seus relacionamentos conseguem traduzir  toda a delícia que essa palavra carrega em seu cerne.


ATUALIZAÇÕES:
Inseri a imagem em 05/06/2017, estava faltando um pouquinho de cor.
Fonte: https://pixabay.com/pt/ta%C3%A7a-alimentos-frutas-outdoor-1838538/

Aproveito, na mesma data, para acrescentar um link para uma belíssima canção. Na minha opinião, uma maravilhosa declaração de amor, já que adoro rosas amarelas, céu de Brasília, arquitetura, luz de estrelas, Djavan, Caetano e tudo  mais. É mesmo uma música repleta de alma. Diga lá se não é.



2 comentários:

  1. Ah, namorido é uma palavra que sempre uso e, como você bem observou, confere certa leveza ao compromisso sim. Namorar é mesmo uma sensação mágica, daquele tipo que não tem quem queira se livrar.

    Beijos.

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