Eu sei, as coisas estão bem
difíceis no Brasil e bastante esquisitas mundo afora, mas me rendi à alegria. Resolvi
me aproximar da folia e brincar o carnaval. Isso mesmo, brincar. Como gosto de
um sossego relativo, mais conhecido como bagunça organizada, procurei um bailinho
bem tradicional e dancei, cantei, suei, sorri e o resultado foi a alma bem levinha.
E, vamos falar a verdade, alma leve faz um bem enorme.
Para garantir a diversão, meu
foco foi mesmo a pausa, a curtição, a delícia, o meu encantamento, a animação
alheia e o ambiente de fantasia ao meu redor. Pais e filhos. Avós e netos. Crianças, jovens, adultos,
idosos, todos com energia de sobra extravasando o seu contentamento. Sem
prejudicar ninguém, que mal tem?
Contemplar pais e filhos fantasiados,
brincando juntos e entoando uma série de canções que sobrevivem ao tempo e que
ainda provocam risos ou despertam sonhos tem um quê revigorante. Os adultos
dançam, os jovens também e os pequeninos ficam interessados mesmo em confetes e
serpentinas num joga-ri-junta-joga-ri que não cessa e não cansa nunca. Haja
energia! Haja disposição! A brincadeira rende muitas gargalhadas e um sem
número de sorrisos estampados nos rostinhos suados e satisfeitos. Pais, vezes,
visivelmente exaustos, mas felizes. Não é para menos, os meninos estão bem, curtindo
a festa vestidos de heróis, bichinhos, personagens de quadrinhos, figurinos
totalmente originais ou sem qualquer fantasia. Todos ali dando asas à
imaginação. E isso é mágico.
O lado leve do carnaval me fez
pensar em como é importante imaginar, sonhar, brincar, dar um espaço para o
lúdico em nossas vidas. Pode até ser pedagógico para os dias atuais vivenciar o
contentamento com tão pouca coisa. Basta uma banda bacana e deixar-se embalar
pelo ritmo alegre e contagiante que tudo flui. A alegria vem e os sorrisos
aparecem. São momentos em que só se pensa em dançar e cantar, em que se dá uma
folguinha para a mente, em que se relaxa um tanto e se permite outro. Até a
melancolia ganha uma certa leveza no carnaval, duvida?! Olha aí a música para confirmar:
“confete, pedacinho colorido de saudade”.
E as escolas de samba? Quanta
cultura desfilando nas passarelas! Eu não sei vocês, mas invariavelmente, os
carnavalescos tocam em pontos da História ou em certas histórias de que eu
nunca havia ouvido falar. Os desfiles são sempre uma oportunidade de
aprendizado, de valorização e de divulgação de cultura. Além de franca
exposição de criatividade. Sem contar as novidades e malabarismos que as
escolas vêm apresentando em suas baterias. É tudo muito rico.
Tudo bem, há quem não goste da
euforia carnavalesca e que se dedique a outras atividades: ler, dormir,
acampar, meditar, orar, fazer piqueniques. Tudo está valendo. Agora digam para
mim se não é ótimo aproveitar essa espécie de recreio que o carnaval proporciona.
Seja lá como for, este é um feriadão convidativo e que abre uma série de
oportunidades de encontro consigo mesmo e também com o lado mágico e encantado
da vida. A vida é deslumbrante, viver é uma aventura permanente e a fantasia pode ser um mecanismo importante para manter a saúde mental e emocional.
A humanidade tem uma estranha
tendência a complicar o simples, tornar sério aquilo que é para ser lúdico e
deixar de lado aquilo que deve ser sério. Isso, ao menos para mim, é uma
inversão enigmática. Tudo tem seu
momento e seu espaço.
É comum ouvirmos que, no Brasil,
o ano só começa depois do carnaval. Não sei se isso é assim tão verdadeiro, mas
de qualquer forma, hoje é terça-feira, o carnaval tá acabando, a locomotiva do
consumo já vem avançando sobre nós e soando seu apito, já há ovos de páscoa à
mostra em algumas vitrines. Piuíííííí! A folia está acabando, mas ainda dá tempo.
Ainda dá pra escolher um programa que desperte o que há de mais leve e
divertido em você e curtir. Afinal, como diz Chico, amanhã tudo volta ao normal, deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar.
Imagem disponível em:
https://pixabay.com/pt/chap%C3%A9u-hat-pena-confete-fl%C3%A2mula-2016797/
Confira "Noite dos macarados", de Chico Buarque:
https://www.youtube.com/watch?v=fgaKvFqD2CU
Sobre o enredo da Imperatriz Leopoldinense, vale a leitura.
http://www.mundosustentavel.com.br/2017/01/nunca-um-enredo-incomodou-tanto-o-agronegocio/
Conheça o enredo da Imperatriz Leopoldinense:
https://www.letras.mus.br/imperatriz-leopoldinense-rj/xingu-o-clamor-que-vem-da-floresta-samba-enredo-2017/
Imagem disponível em:
https://pixabay.com/pt/chap%C3%A9u-hat-pena-confete-fl%C3%A2mula-2016797/
Confira "Noite dos macarados", de Chico Buarque:
https://www.youtube.com/watch?v=fgaKvFqD2CU
Sobre o enredo da Imperatriz Leopoldinense, vale a leitura.
http://www.mundosustentavel.com.br/2017/01/nunca-um-enredo-incomodou-tanto-o-agronegocio/
Conheça o enredo da Imperatriz Leopoldinense:
https://www.letras.mus.br/imperatriz-leopoldinense-rj/xingu-o-clamor-que-vem-da-floresta-samba-enredo-2017/