sábado, 4 de março de 2017

Sobre "Simplesmente eu, Clarice Lispector"

Foto disponível no site do Sesi Cultural
Simplesmente maravilhosa. É assim que dá para começar a falar desse monólogo adaptado, encenado e dirigido por Beth Goulart. O texto foi retirado de trechos dos romances "Perto do coração selvagem" e "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres" e dos contos "Amor" e "Perdoando Deus", além de partes de depoimentos, entrevistas e correspondências de Clarice Lispector.

Deixar de comparecer ao encontro com Clarice ontem no Theatro D. Pedro era, de fato, algo imponderável. E estar no teatro valeu cada minuto. Beth encarnou a escritora numa apresentação amorosa e repleta de emoção. Textos, entrevistas, enigma e dramaticidade. Tudo transpirava e exalava Clarice. O que dizer?!

Clarice nos atordoa sempre com a profundidade de suas sentenças engatilhadas. É, sob o aspecto da velocidade, uma metralhadora giratória de pensamentos complexos. Ao  vê-los interpretados, ditos com a força do drama por Beth, cada um deles nos arranca da inércia sem violência, mas com a força e o impacto naturais da escritora.

A semelhança física entre a atriz e Lispector é algo assombroso e delicado, lindo mesmo. Percebe-se o estudo de postura e movimentos para a uma primorosa representação, nota-se toda a dedicação da intérprete.

A interpretação rebuscada da atriz nos cala. Destaque para a plateia que ficou silenciosa, inebriando-se do drama expresso no palco, perscrutando os dramas soltos na vida e o grande mistério da existência humana.

E que voz tem Beth Goulart? Você sabia que ela cantava? Pois bem, eu não sabia e fiquei comovida e perplexa. Que momento sublime!

É um espetáculo belíssimo. Se tiver oportunidade, não se permita perder, é simplesmente um encontro com ela, Clarice Lispector. 

E viva o SESI Cultural que trouxe a peça para Petrópolis.



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