Foto disponível no site do Sesi Cultural |
Simplesmente maravilhosa. É assim que dá para começar a
falar desse monólogo adaptado, encenado e dirigido por Beth Goulart. O texto
foi retirado de trechos dos romances "Perto do coração selvagem" e
"Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres" e dos contos
"Amor" e "Perdoando Deus", além de partes de depoimentos,
entrevistas e correspondências de Clarice Lispector.
Deixar de comparecer ao encontro com Clarice ontem no
Theatro D. Pedro era, de fato, algo imponderável. E estar no teatro valeu cada
minuto. Beth encarnou a escritora numa apresentação amorosa e repleta de
emoção. Textos, entrevistas, enigma e dramaticidade. Tudo transpirava e exalava
Clarice. O que dizer?!
Clarice nos atordoa sempre com a profundidade de suas
sentenças engatilhadas. É, sob o aspecto da velocidade, uma metralhadora
giratória de pensamentos complexos. Ao vê-los interpretados, ditos com a força
do drama por Beth, cada um deles nos arranca da inércia sem violência, mas com
a força e o impacto naturais da escritora.
A semelhança física entre a atriz e Lispector é algo
assombroso e delicado, lindo mesmo. Percebe-se o estudo de postura e movimentos
para a uma primorosa representação, nota-se toda a dedicação da intérprete.
A interpretação rebuscada da atriz nos cala. Destaque para a plateia que
ficou silenciosa, inebriando-se do drama expresso no palco, perscrutando os
dramas soltos na vida e o grande mistério da existência humana.
E que voz tem Beth Goulart? Você sabia que ela cantava? Pois bem, eu não
sabia e fiquei comovida e perplexa. Que momento sublime!
É um espetáculo belíssimo. Se tiver oportunidade, não se permita perder,
é simplesmente um encontro com ela, Clarice Lispector.
E viva o SESI Cultural que trouxe a peça para Petrópolis.
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