Quem me conhece sabe que adoro um
café. Gosto do aroma, da cor, do sabor. O café desperta meus sentidos. Isso por si só
já é uma delícia. Além disso, gosto do ritual de prepara-lo, café bom é café
fresco. E gosto quando se insinua todo perfumando o ambiente e me faz logo
pensar em xícara. Café bom é também o café que nos convida à degustação. É, sou
dessas! Gosto de degustar o café e não apenas de sorvê-lo rapidamente.
Hoje é Dia Nacional do Café, você
sabia? Pois é, soube disso ano passado, quando lia descomprometidamente um
jornal. Viu que chique? O café também tem um dia e o fato de hoje ser o dia
nacional da bebida pressupõe que haja um dia internacional. Segundo Mr. Google,
há, e é comemorado em abril, mas eu quero mesmo é celebrar o 24 de maio. De
acordo com a ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café, a data
simboliza o início da colheita do grão em grande parte das regiões produtoras.
Adoro descobrir essas coisas, mas vamos ao café.
Café pode significar conversa,
pode ser encontro, pode ter cheirinho de reflexão ou gostinho de leitura. Pode
ser um momento de ficar sozinho pensando na vida, pondo as ideias em ordem (ou
não). Pode ser um objetivo ou um
pretexto. Pode ser conclusão ou proposta. Café congrega e faz companhia.
O lugar para tomar café também
importa. Não gosto apenas da bebida, mas do ambiente de cafeteria. Há
verdadeiras delicinhas nesse ramo. Durante algum tempo fazia uma pequena viagem
sempre que queria provar desse gostinho: café e cafeteria totalmente
harmonizados. Saia do Bingen, ia a Itaipava, terceiro distrito de Petrópolis e
lá me deleitava com poesias declamadas nas paredes, o bolo da vovó exposto no
balcão, o vinil rolando um Vinícius e tantos outros na vitrola, o gosto forte
do café produzido num município vizinho, os livros para doação delicadamente
arrumados num pequeno móvel num cantinho e o atendimento cheio de simpatia e
carinho das proprietárias. Vou lá de vez em quando, como resistir?!
Recentemente, o Bingen ganhou uma
gostosura dessas, que felicidade. Num outro estilo, com outra proposta, mas
igualmente harmônica e aconchegante. Belas cores, um chocolate premiado no balcão,
geleias especiais, bolo caseiro que não pode faltar, Edith Piaf e tantos outros
na vitrola, vinho selecionado para acompanhar pensamentos e pratos quentes, o
requinte e o sabor do café caprichosamente preparado, o afeto e o incomparável papo dos meninos, que
dirigem o local. E eles têm ainda uma cafeteria no Valparaíso que, se não
bastasse tudo isso, de vez em quando ainda tem café e violino. A proposta é
ofertar muito além de uma xícara de café e
eles conseguem. Dá pra imaginar?
Por aqui, esses são os meus
lugares preferidos para exercer o meu sacrossanto direito de apreciar essa
bebida milenar. Hoje é dia de celebrar o café e de brindar tudo o que ele
evoca. A amizade, o diálogo, o paladar, o bom gosto, a sobriedade... Tintim!
Que tal comemorar?
Fonte da imagem:
https://pixabay.com/pt/photos/download/coffee-563800_1920.jpg?attachment&modal
Para Leonardo e Mamãe, aqueles que me ensinaram e ensinam a ser Mãe, com imensa gratidão.
Domingo passado foi dia de
comemorar oficialmente o Dia das Mães. Por mais que algumas pessoas nos lembrem
de que esta é uma data que tem um forte apelo comercial e que aquece o consumo,
creio que cabe a cada um de nós limitar essa influência mercadológica em uma
data tão especial. Definitivamente, podemos escolher como celebrar um dia como
esses sem precisarmos aceder completamente ao deus mercado. Um presente pode
ser bem-vindo, mas nem de longe tem que ser o fim. Dia das Mães é dia para
celebrar o encontro (ainda que não possa ser físico), a gratidão e o afeto. Se não for assim, de que adianta presentear?
Já faz 22 anos que ganhei a
maternidade de presente. Ela veio forte,
densa e enriquecedora com todos os ônus e bônus dela próprios. Ônus?! Muitos!
Quem disse que é fácil ser mãe? Incerteza, insegurança, noites sem dormir, seios
doloridos, medo do fracasso, choros (do bebê e da mãe, por conseguinte), dores,
cólicas, fraldas, despesas, cansaço e medo. Um medo do tamanho de um bonde de
não dar conta. Que mãe não passou ou não passa por isso? Tudo isso faz parte
desse universo particular. A vida vira de ponta cabeça com a chegada de uma
criança. Por mais planejada que seja, uma gravidez sempre tem cara, gosto e
cheiro de surpresa. Ainda assim, não conheço uma só mãe, que tenha abraçado a
maternidade, que troque esse reboliço todo por qualquer outra coisa na vida. Eu
também não trocaria. Lembrei-me de uma música do Gonzaguinha: “começaria tudo outra vez, se preciso
fosse, meu amor”. Começaria! Ah, se começaria!
Bem, mas eu também falei em
bônus, não foi? Sim! Cada balbucio da criança é um presente, cada passo, cada
gesto, cada nova atitude é sentida e celebrada. O filhote é capaz de nos despertar
para detalhes antes imperceptíveis. A relação mãe e filho se constrói momento a
momento, no dia a dia, e pode ser maravilhosa. É preciso ter em vista a
construção de uma relação saudável.
É claro que sei que muitas
mulheres não desejam ser mães pelos mais variados motivos, eu as entendo e as
respeito, cada um sabe de si. Também sei que há mil e uma outras maneiras de se
realizar nessa vida, essa está longe de ser a única. É muito importante ter
esse entendimento.
No meu caso, a maternidade era um
apelo desde muito cedo. Ela sempre fez parte dos meus planos e até das minhas
brincadeiras infantis. Meu filho foi planejado e chegou trazendo luz à vida das
nossas famílias. No entanto, nem tudo foi como o idealizado, a família feliz do
comercial de margarina ruiu no meio da infância do pequeno e foi preciso
reprogramar a rota. Não foi fácil, houve uma série de obstáculos a enfrentar,
mas dentro do possível, as coisas foram se acertando e o menino foi crescendo.
Ano passado, aquele bebê lindo, amado e desejado, que chegou prenunciando a
primavera de 1995, completou 21 anos. Coisa emocionante olhar para o homem
correto, honesto, amoroso e cheio de personalidade que ele se tornou. Educar não é nada fácil, requer uma série de
ponderações e de escolhas e a grande verdade é que a gente morre de medo de
errar e que muitas vezes erra mesmo. Mas tudo o que não se quer é prejudicar um
filho e olhar para o Leonardo e vê-lo um homem feito, cheio de bom senso e amorosidade,
capaz de cuidar da sua própria vida, dá uma certa paz ao coração. A fase agora
é outra, cheia de desafios e de aprendizados. Nessa vida de ser mãe, a gente vai aprendendo
durante o percurso e é preciso ter o coração sempre preparado para mudanças.
Vida de mãe é dinamismo puro.
Tenho tido a oportunidade de acompanhar
bem de pertinho a trajetória de alguns de meus amigos e primos nos primeiros
anos da maternidade/paternidade. Como é gostoso vê-los vibrando com cada conquista
de suas crianças! Vira e mexe pego-os surpresos com esse ou aquele traço da
personalidade dos meninos ou irritados com esse ou aquele comportamento infantil.
Muitas vezes, observando-os, revivo minha estrada com o Leo. É sempre
muito gratificante ouvi-los falando de seus rebentos, partilhar de suas
alegrias, dividir angústias. Os pequeninos,
por sua vez, vão me atualizando, vão mostrando o que é mesmo que interessa às
crianças de hoje. São novos brinquedos, novos heróis, novos personagens
infantis, novos gostos e novas cantigas. É lindo vê-los crescer, vê-los ganhando
mais e mais autonomia. Cada vez que nos encontramos há sempre uma novidade. Aprendem
rápido e causam espanto diariamente com a articulação de suas respostas, cada
vez mais bem elaboradas. É uma meninada que me ensina sempre mais que “o tempo
não para”. Que lição importante!
E por falar em lição e em
maternidade, um dos presentes mais bacanas que a maternidade trouxe para mim, foi
a proximidade com a minha mãe. Foi um melhor entendimento do mundo dela, das suas
angústias, dos seus tropeços e acertos. Foi enxergá-la melhor como mulher. Não
sei se com todo mundo funciona assim, mas aprender a ser mãe, me fez amadurecer
como filha.
Falando em mãe, a minha é uma
pessoa que tem uma coragem imensa diante da vida. Diante de todas as
dificuldades propostas, a leveza e a alegria sempre foram/são suas marcas
registradas. Ela é dessas que sempre escolhe sorrir, embora seja inevitável uma
lágrima ou outra. Sente, sofre, chora como todo mundo, mas é de sua natureza
buscar o lado mais iluminado da vida. Pra mim essa é uma proposta de aprendizado
e tanto. Além disso, ela tem uma qualidade que admiro imensamente: a postura de
julgar o menos possível. Tem uma conduta generosa que procura acolher e
entender cada um como é, sem rotular. Mulher de fibra, firme, doce e terna.
Ternura. Está aí uma palavra que
o Dia das Mães evoca. Independente do apelo comercial, é sempre importante ter
um dia, um mês para celebrar, para comemorar, para vivenciar mais intensamente
a importância e a força que essa presença tem e terá na vida da gente. Para
exercitar e saborear a ternura e “dançar na chuva de vida que cai sobre nós”.
Pode ser que você já tenha visto há algum tempo, eu o vi dia desses. Você pode até pensar que o vi com um atraso considerável, já que o curta foi o vencedor do Oscar 2017 na categoria "Melhor curta de animação". Tudo bem, vi com atraso mesmo o filme americano escrito e dirigido por Alan Barillaro e produzido pela Pixar Animation Studios. No entanto, isso não impediu meu completo encantamento com as suas múltiplas possibilidades.
Pode ser sobre mães e filhos e o processo de aprender e ensinar. Pode ser sobre a hora de ter que dar conta da vida da gente. Pode ser sobre levar umas rasteiras da vida e sobre morrer de medo depois. Pode ser sobre ter que vencer esse medo para seguir em frente. Pode ser sobre aprender com o diferente e sobre superar as dificuldades. Pode ser sobre a importância que a amizade desempenha em nossa caminhada. Pode ser sobre olhar a vida de outro ângulo e sobre desenvolver novas habilidades. Pode ser sobre dividir descobertas com os outros e sobre celebrar as conquistas.Pode ser sobre o esforço e o trabalho necessários pra botar a comida no papo. Pode ter essas e muitas outras leituras, é rico, cheio de encanto e sensibilidade.
E você o que vê? (Se ainda não viu, corra lá no youtube e confira.)