A arte existe porque a realidade não basta.
(Ferreira Gullart)
(Ferreira Gullart)
Não é segredo pra ninguém que muitos estudiosos e escritores ressaltam o poder
da arte e da beleza, dentre outras coisas, para a promoção e a manutenção da saúde
mental e emocional daqueles que, de algum modo, a elas se entregam. A arte
salva nossas sensibilidades. Neste momento particular de dificuldade por que
todos nós passamos, acho que precisamos de terapia intensiva. Quanto mais arte
melhor. Tenho aceitado a prescrição daqueles caras. São doses de poesia,
crônica, romance, pintura, música, dança, teatro e muito mais. Além disso, muita
beleza natural, deliciosas conversas e a presença de gente cujo afeto aquece a
alma e o coração são elementos fundamentais.
Dia desses,
fui ao Theatro Dom Pedro em companhia de familiares e amigos assistir a uma
montagem de “Sonho de uma noite de verão”, de Shakespeare.
Foi verdadeiramente uma noite de sonhos. A montagem feita pela Companhia
Arteira de Nova Friburgo transportou-nos à fantasia e trouxe-nos o delicioso
contato com nossa criança interior, através da mescla entre humanos e fantoches
no palco. A perfeição dos movimentos dos bonecos, a delicadeza do cenário e da
música e uma primorosa atuação nos colocaram, por mais de uma hora, em contato
com o sublime.
Foi uma
grande sacada da trupe fazer os fantoches representarem os personagens humanos,
numa linda metáfora para a interferência dos seres élficos em seus destinos. Coube, então, aos atores a representação dos seres elementais. As
trapalhadas de Puck, numa esplêndida e envolvente atuação de Cássio Campos, levaram-nos
às gargalhadas, enquanto a riqueza musical foi, sem dúvida, uma facilitadora
para sonhássemos regidos pela maestria de Shakespeare. Antes que provássemos da
flor encantada, estávamos todos apaixonados.
Dia do espetáculo - foto da Companhia Arteira |
Floresta.
Desejo. Sonho. Conflitos. Elfos. Fadas. Vaidade. Manipulação. Dúvida. Destino. Amor. Tudo ali sensivelmente
retratado numa viagem fantástica e poética para a posterior reflexão sobre os grandes
dramas da humanidade. O teatro é mesmo um espaço
privilegiado. Não raras vezes nos tira da apatia e nos põe representados no
palco ou em contato com algo que desconhecíamos em nós. Pode nos refletir por dentro e por fora, tão
necessário susto. A arte tem essa extraordinária capacidade de nos abismar,
algumas vezes de maneira muito leve e lúdica como nessa montagem. Sonhos,
gargalhadas, talento, criatividade e beleza: tudo num só espetáculo. O
teatro pode ser bálsamo para as agruras da vida e um portal escancarado para um
mundo além do físico. De fato, viver só de realidade não basta.
SOBRE O ESPETÁCULO:
Duração: 90 minutos
Direção: Gabriela Ribas
Supervisão de direção para manipulação de bonecos: Marise Nogueira
Trilha sonora original e direção musical: Diogo Rebel
Elenco: Cacá Pitrez, Cássio Campos, Catherine Bom, Gabriela Ribas, Gero Band, Jerônimo Nunes, Maria José Silva, Nathália Newlands e Silvia araújo
Cenografia: Silvia Araújo
Supervisão de direção para manipulação de bonecos: Marise Nogueira
Trilha sonora original e direção musical: Diogo Rebel
Elenco: Cacá Pitrez, Cássio Campos, Catherine Bom, Gabriela Ribas, Gero Band, Jerônimo Nunes, Maria José Silva, Nathália Newlands e Silvia araújo
Cenografia: Silvia Araújo
Figurinos: Joanna Ribas
Artesã bonequeira: N´vea Semprini
Iluminação: Erlom Cordeiro
Artesã bonequeira: N´vea Semprini
Iluminação: Erlom Cordeiro
Uau, Marise Bender, que texto lindo!!!!!!! Além de agradecer, por minha filha e pela Cia Arteira, preciso agradecer por você ter se derramado em generosa explanação. Maravilha! É verdade: quando a gente está de coração aberto, a beleza e a sensibilidade entram e nos inundam a alma. Parabéns!!!!
ResponderExcluirÉ verdade! A alma aberta é requisito básico para o encantamento. Eu que agradeço, minha querida. E agradeço sempre.
ExcluirBeijos.