Vale do Amor – Fazenda Inglesa, Petrópolis |
Dia desses,
tive oportunidade de voltar a um espaço que está causando muito burburinho em
Petrópolis: O Vale do Amor. O local, que pertence à Fraternidade Cósmica
Universal e que, além de lindo, tem uma energia incrível, ainda está em
construção e, segundo me informou um dos responsáveis por sua conservação, foi
descoberto pelo público antes do tempo. Para mim, que gosto de acompanhar o
processo de fazimento e transformação de coisas, lugares e pessoas, esse é mais
um dos atrativos do lugar.
Visitá-lo
pode ser em tudo simbólico. Desde o acesso, que conta com trechos de chão
batido e que exige alguma perícia ao volante para driblar os obstáculos, é
possível transcender o plano físico e partir para a prática reflexiva. Afinal,
o amor, até mesmo o próprio, pode ser lindo, mas nem sempre é fácil, nem sempre
é doce, nem sempre é uma viagem tranquila em uma estrada perfeita e
pavimentada. Quem nunca derrapou na estrada amorosa que atire a primeira pedra
e lance ao lixo todas as suas caixas de lenços de papel. E por falar em
pedras, há muitas delas no caminho. É preciso transpô-las com o máximo de
cuidado e prosseguir, no Vale e na vida.
Segundo Sérgio
Fecher, idealizador do espaço, o Vale é a proposta de um Asham Universalista
com elementos das culturas cristã, budista, taoísta, hinduísta e umbandista com
o objetivo de promover uma conexão entre o ser humano e a grande força criadora
do Universo. Tudo isso cercado de uma enorme variedade de plantas e jardins, de
cantos dos mais variados pássaros, do barulhinho de água correndo por entre as
pedras, do ar puro e do frescor de uma cidade serrana. O local é encantador e tem
muito a oferecer. É um oásis eclético e parece nos dizer o tempo todo que no
amor, no Vale e na vida, preconceitos não devem ter vez. Não é à toa que o
espaço nos conduza naturalmente ao respeito, à contemplação e à meditação e nos
conecte com o amor em cada detalhe.
Localizado
no fim do bairro Fazenda Inglesa, não é difícil, diante de uma desatenção,
errar o acesso até lá. Como no amor, é possível que os distraídos peguem uma ou
outra estrada que não os levará ao destino desejado. Eu mesma já errei o
caminho no Vale, no amor e na vida, e nem por isso deixei de me encantar com a
paisagem, tudo é parte integrante da caminhada. Na direção do Vale, no entanto,
se prestarmos atenção, há umas plaquinhas rústicas indicando a direção, o que
facilita bastante o percurso.
Descobri-lo
é parte do deslumbramento. Ele é um todo integrado à natureza e está localizado
no ventre de uma reserva de Mata Atlântica, pródigo de vida. Traz em si a
proposição de uma peregrinação entre um espaço e outro, sempre em aclive. Assim
sendo, para desfrutar de sua beleza, diversidade e quietude é preciso
disposição para caminhar, especialmente em pequenas subidas. O trajeto é
amorosamente acidentado, não muito, apenas o suficiente. Logo, o ideal é usar
roupas leves e que permitam a liberdade de movimentos, bem como calçados
confortáveis e de solados aderentes para evitar escorregões na descida. O lugar
combina com simplicidade, algum esforço, equilíbrio, moderação e nos faz
lembrar que leveza e prudência são sempre bem-vindas na vida, no amor e no
Vale.
Como já
disse, o espaço fica no seio da Mata Atlântica. Desse modo, é bom ter em conta
que consciência ecológica não faz mal a ninguém. É imperativo evitar quaisquer
danos à natureza, ali ou em qualquer outro lugar a que se faça uma visita. É
fundamental aproveitar o ensejo para o exercício do respeito à flora e à fauna
locais em cada parte e o tempo todo. Além disso, o Vale do Amor é fruto do
sonho de alguém, é bom que não se perca isso de vista. Sou o tipo de pessoa que
entende que o simples fato de estar pondo os pés nos elevados sonhos de alguém
já deveria bastar para se ter consciência de que se está a pisar em território
sagrado. O espírito afobado de turistas esbaforidos não combina com a atmosfera e destoa do ambiente. O lugar pede uma postura mais introspectiva e respeitosa. Deus é antes de tudo respeito, independente da religião de que se faça
parte.
Um sonho. É
assim que me refiro ao lugar. É desse jeitinho que o sinto. Um espaço para estar
pertinho do Criador e de suas criaturas. Uma oportunidade de flerte com os mais
variados aspectos de diversas filosofias e religiões, ou simplesmente um momento
de estar em contato com a natureza. Uma oportunidade para se aproximar de si
mesmo, de se ver, de se ouvir, se acarinhar. De ofertar a si a beleza e a
paz, que são santos remédios para as intempéries da vida. Para ir até o lugar,
não é necessário ter crença, mas é imprescindível ter/ser/sentir amor. Amor no
sentido lato. Eu recomendo.
Outras fotos disponíveis em:
Informações sobre o projeto podem ser encontradas no site da
Fraternidade Cósmica Universal: