Para marcar o Dia Internacional da Mulher, acontecerá hoje em Petrópolis, a Marcha das Mulheres. A notícia foi divulgada ontem na página do Blog do Eduardo Ferreira, um conhecido jornalista da cidade. Como a caminhada homenageia Marielle Franco, era de se esperar que brotassem manifestações indignadas nas redes sociais. Não deu outra! Choveram comentários pouco elogiosos em relação à homenagem para a vereadora brutalmente assassinada há quase um ano na cidade do Rio de Janeiro. Não faltaram também repetições de inverdades sobre Marielle. Tais mentiras haviam sido amplamente divulgadas por ocasião de seu assassinato e, peremptoriamente, desmentidas por idôneas agências checadoras de notícias.
Olho para os tais comentários com imensa tristeza. Quer seus autores estejam conscientes disto ou não, eles representam a tentativa da anulação do outro. O que fica explícito naquelas falas é que se acredita que os diferentes não podem existir juntos numa mesma luta. Isso é tristíssimo. Somos todos diferentes uns dos outros e, ao contrário de isso significar uma perda, pode ser muito enriquecedor. O outro, com suas ideias diferentes das nossas, com seu jeito diferente do nosso, com seu saber em áreas diferentes daquelas que dominamos e com tantas outras qualidades diferentes das nossas, pode ser naturalmente um impulso para nos fazer crescer. Há muita beleza no processo de nos permitimos aprender com o outro.
Repeti a palavra diferente muitas e muitas vezes de maneira proposital. Diferente não significa adversário, mas diverso. Por que razões uma homenagem a Marielle excluiria a possibilidade de levar o nome da Juíza Patrícia Accioli ou o nome da Professora Helley Abreu Batista na mesma marcha? Todas são dignas de homenagem, sim! A caminhada, como bem diz o título da matéria, homenageia o Dia da Mulher E Marielle Franco. Há muitas mulheres que merecem ser homenageadas, muitas anônimas inclusive.
"Por que não homenagear aquela policial que foi morta em Niterói? Por que não aquela professora?" Perguntam alguns se referindo a essas mulheres sem sequer nomeá-las. "Por que não homenagear a juíza Patrícia Accioly?" Perguntam outros. "Estão tentando transformar essa mulher (Marielle) em mito." Afirma outra.
Por que homenagear Marielle Franco? Para quem não se lembra, estamos a uma semana de os assassinatos de Marielle e Anderson completarem 365 dias. Esse tempo significa um ano inteirinho sem que os culpados por suas execuções tenham sido identificados. E não, não há ninguém tentando transformar a vereadora em mito. Marielle é símbolo. Mas símbolo de quê? Da luta das mulheres pobres, negras, lésbicas, nascidas em favelas, para alcançarem representatividade. Ela é uma dentre as poucas iguais a ela que conseguem conquistar um diploma e ocupar um lugar de destaque na sociedade. No caso dela, um cargo de representação na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, a segunda metrópole do país. Isso não é pouco. Símbolo é diferente de mito. Símbolo é a representação de alguma coisa, no caso de Marielle, uma causa. Mito pode significar, por exemplo, “uma personagem real a quem se atribuem valor ou feitos extraordinários ou imaginários". Coloquei o conceito de mito entre aspas, uma vez que ele está registrado no dicionário Lexikon.
"Por que não homenagear aquela policial que foi morta em Niterói? Por que não aquela professora?" Perguntam alguns se referindo a essas mulheres sem sequer nomeá-las. "Por que não homenagear a juíza Patrícia Accioly?" Perguntam outros. "Estão tentando transformar essa mulher (Marielle) em mito." Afirma outra.
Por que homenagear Marielle Franco? Para quem não se lembra, estamos a uma semana de os assassinatos de Marielle e Anderson completarem 365 dias. Esse tempo significa um ano inteirinho sem que os culpados por suas execuções tenham sido identificados. E não, não há ninguém tentando transformar a vereadora em mito. Marielle é símbolo. Mas símbolo de quê? Da luta das mulheres pobres, negras, lésbicas, nascidas em favelas, para alcançarem representatividade. Ela é uma dentre as poucas iguais a ela que conseguem conquistar um diploma e ocupar um lugar de destaque na sociedade. No caso dela, um cargo de representação na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, a segunda metrópole do país. Isso não é pouco. Símbolo é diferente de mito. Símbolo é a representação de alguma coisa, no caso de Marielle, uma causa. Mito pode significar, por exemplo, “uma personagem real a quem se atribuem valor ou feitos extraordinários ou imaginários". Coloquei o conceito de mito entre aspas, uma vez que ele está registrado no dicionário Lexikon.
Retomando o início desta conversa, eu pergunto: pra que tentar anular o diferente, se podemos caminhar/marchar por Marielle, por Patrícia, por Helley, por Marias, Marianas, Joanas, Gabrielas e por tantas outras mulheres que morrem em virtude de seu trabalho, de sua luta, de seus casamentos, de seus namoros, de suas amizades, pelos trajes que usam, pelo lugar em que nasceram ou por outro motivo qualquer? Não é preciso desconstruir um símbolo como Marielle para homenagear Patrícia Accioli, Helley e tantas outras. Uma não exclui o que as outras foram. Todas têm seu valor. Marielle revelou-se um símbolo tão forte que evoca a lembrança de todas aquelas mulheres citadas anteriormente.
Diante das inverdades que publicaram sobre Marielle Franco, posso até entender o porquê da resistência ao nome dela, mas não posso deixar de lembrar que cabe a cada um procurar a verdade sobre ela antes de falar sobre ela. A propagação de mentiras é escolha de cada um. Cada um é responsável por aquilo que propaga levianamente. Cada ser humano que reproduz uma notícia falsa é muito mais do que um papagaio repetidor de falas alheias.
É bom lembrar que as estatísticas estão aí para a cada uma de nós que o número de mulheres assassinadas tem aumentado nos últimos tempos. São mulheres de todas as classes sociais, de todos os posicionamentos políticos, de todas as profissões. Diante da violência, no mais das vezes, nada disso importa. Para ser vítima de violência contra a mulher, basta ser MULHER. A caminhada é pelo respeito e pela valorização da mulher. Nessa luta, mais do que ser representada pelo símbolo A ou B, a MULHER precisa se representar.
O Dia Internacional das Mulheres não precisa nem deve ser de exclusão, mas de soma. A luta é para melhorar a vida de todas as mulheres. Marielle Franco, presente! Patrícia Acccioly, presente! Heley Batista, presente! Juliane Duarte, presente!
A propósito, desejo a Ághata Arnaus Reis, viúva do motorista Anderson, toda força necessária para a sua caminhada. Para todas as mulheres e para cada um dos homens que lutam pela conquista do respeito amplo, geral e irrestrito à mulher, um abraço especial pelo dia oito de março. Sigamos na luta!
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Sobre a caminhada:
A Marcha das Mulheres está marcada para as 18h de hoje.
A concentração será a partir das 17h na Praça da Inconfidência.
A caminhada parte da Praça da Inconfidência e vai até a Praça D. Pedro II.
Iniciativa da ação: Coletivo 8M.
Quem pode participar? Todas e todos aqueles que apoiam a luta pelos Direitos da Mulher.
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Confira a publicação a publicação do blog do jornalista Eduardo Ferreira:
https://www.facebook.com/158429414269490/posts/1875600515885696/
Imagem: reprodução da internet
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