Embora não pudesse começar esta crônica sem contar tal novidade, a notícia que tem feito meus olhos brilharem nos últimos dias tem nome e cor: um enorme flamboyant vermelho floresceu na localidade do 17.
Um flamboyant. Enorme. Com flores vermelhas. No 17.
Dezessete era o número dado ao ônibus que fazia a linha Bingen no século passado e que acabou por batizar o lugar em que ficava o seu ponto final.
Conquanto eu tenha contemplado as flores vermelhas desta crônica muitas vezes no trajeto entre a casa e o trabalho, somente pude parar e fotografá-las ontem ao final da tarde. Pra mim, que sempre gostei de fazer fotos de flores em dias azuis, o fato de fotografar quase na boca da noite teve um quê de desafio. Fiz o registro possível.
Uma árvore frondosa. Como posso não tê-la notado nos anos anteriores, não sei. Talvez sua florada tenha sido mais explícita desta vez ou, quem sabe, seja esta a primeira vez que floresce. O certo é que ela está lá faz tempo e agora, apesar do clima enlouquecido aqui na serra, se vestiu de flores para o Natal.
A vida, ás vezes, é feito um frondoso flamboyant. Fica bem quietinha e, sem mais nem meio mais, nos faz uma surpresa. Uma flor aqui, um amor ali, a vista de um chalezinho no topo da montanha. Até quem nasceu e foi criado no mesmo bairro e transita por ele todos os dias está sujeito a uma revelação no caminho.
E, por falar em revelação, hoje é dia de lembrar Daquela que há mais de dois mil anos se mostra e nos oferece a oportunidade de florir fraternalmente em qualquer época do ano.
Hoje é Natal. Passada toda a euforia das compras, presentes e banquetes, é dia de lembrar das propostas de um aniversariante que não quer regalos para si, mas que continua propondo o amor e a partilha como receita para um mundo melhor.
Feliz Natal!
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