sábado, 30 de março de 2019

Que cidade a gente quer?

Registro de Yuri Moura
Quem me conhece um pouquinho que seja sabe do meu amor por Petrópolis. Eu amo esta cidade. A beleza, o clima, a atmosfera histórica, o azul mais azul do céu que a abençoa e até o ruço. Sim, acho a sua neblina um charme, uma espécie de véu que quando se dispersa descortina todo encantamento deste lugar.
Amando este lugar o tanto que amo, não é difícil para ninguém imaginar o quanto fiquei ofendida, triste, magoada e escandalizada mesmo com as imagens da brutalidade cometida no centro do centro da cidade. A Praça D. Pedro, o umbigo de Petrópolis, foi palco de uma cena triste no dia 30 de setembro do ano passado. Foi aqui, num comício, que se exibiu como troféu a placa que homenageava Marielle Franco no centro do Rio de Janeiro partida em dois pedaços. Mais do que chocada com a tentativa de capitalizar em votos com o assassinato de uma vereadora defensora dos Direitos Humanos - de políticos inescrupulosos se espera tudo - fiquei estarrecida com a reação eufórica do público presente àquela exibição da mais absoluta e absurda falta de sensibilidade. Pode haver algo mais bárbaro do que tripudiar da dor do outro em praça pública?! Andei meses inconformada, com o peito dolorido mesmo. Minha cidade não é isso, repeti pra mim mesma todos os dias durante todo esse tempo.
Foi uma alegria descobrir que eu não estava errada. No último dia 14, Petrópolis realizou um desagravo àquele ato bárbaro. Foi realizada, na mesma praça, uma ação da mais pura alquimia amorosa, transformando o local daquela imagem brutal em um grande círculo de orações. Foi um momento redentor em que a cidade professou a sua vocação para o afeto.
Petrópolis, sua linda, você é do bem, do afeto, do amor. Você é terra de Francisco e franciscanos - independente de credos e de religiões. É terra de transformar ódio em amor em Praça Pública, de transformar ofensa em oração a olhos vistos. E, por isso, hoje eu a amo ainda mais!
Parabéns, Petrópolis! 176 anos de vocação para o amor, para a beleza e para a liberdade. Quem quer transformá-la em outra coisa está contraindo no presente uma enorme dívida com a História e ficará marcado para sempre.

Petrópolis de amor e respeito é a cidade que eu quero, e você?

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