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ambientes. Dentro dela era inverno rigoroso. O gelo na paisagem dos sentimentos e a alma mal agasalhada de afetos faziam o corpo doer. Havia um descompasso evidente entre as estações dentro e fora.
Por fora havia flores prenunciando uma primavera azul, e rosa, e amarela, e roxa, e alaranjada, e um verdadeiro arco-íris de flores pelos jardins, avenidas e canteiros da cidade. Por dentro a neve inibia qualquer nesguinha de capim que ousasse pensar em brotar no solo de suas emoções.
Por fora a água jorrava em cascatas matando a sede de animais e de plantas. Por dentro era aridez e deserto num ressequido momento da vida em que a alegria esturrica ao sabor da angústia e da melancolia.
Ela estava dor. Ele era braços. Ela estava sombra. Ele era brilho prateado da lua sobre o mar. Ela estava choro. Ele era brisa. Ele a sabia e a reconhecia apesar da neblina, apesar do gelo, apesar da secura de gestos amargurados. Ele sentia a semente de flor ocultada sob a neve espessa. Ele sabia que aquela era estado e não essência. Olhando-a nos olhos, envolveu-a num abraço acolhedor juntando dela o dentro e o fora. Colando sentimentos, secando lágrimas, deixando-a em condições de devolver-se a si mesma.
Foi como se o abraço dele somasse todos os outros abraços do caminho: da mãe, do pai, do filho, da amiga, da prima, do amigo. Abraço-abraço, abraço-palavra, abraço-canção, abraço bom dia. Abraços de longe e de perto, físicos e imateriais se fizeram soma. A dor começou a cessar, a paisagem interna se fez cor e começou a vibrar levemente.
Foi como se ele, com amor, costurasse a força de todos os outros carinhos manifestados nesses dois meses de hibernação, e essa costura desse início ao processo de lhe restituir as energias.
O abraço capaz de suportar toda a fragilidade dela havia sido capaz de despertar-lhe a cura.
Por fora a água jorrava em cascatas matando a sede de animais e de plantas. Por dentro era aridez e deserto num ressequido momento da vida em que a alegria esturrica ao sabor da angústia e da melancolia.
Ela estava dor. Ele era braços. Ela estava sombra. Ele era brilho prateado da lua sobre o mar. Ela estava choro. Ele era brisa. Ele a sabia e a reconhecia apesar da neblina, apesar do gelo, apesar da secura de gestos amargurados. Ele sentia a semente de flor ocultada sob a neve espessa. Ele sabia que aquela era estado e não essência. Olhando-a nos olhos, envolveu-a num abraço acolhedor juntando dela o dentro e o fora. Colando sentimentos, secando lágrimas, deixando-a em condições de devolver-se a si mesma.
Foi como se o abraço dele somasse todos os outros abraços do caminho: da mãe, do pai, do filho, da amiga, da prima, do amigo. Abraço-abraço, abraço-palavra, abraço-canção, abraço bom dia. Abraços de longe e de perto, físicos e imateriais se fizeram soma. A dor começou a cessar, a paisagem interna se fez cor e começou a vibrar levemente.
Foi como se ele, com amor, costurasse a força de todos os outros carinhos manifestados nesses dois meses de hibernação, e essa costura desse início ao processo de lhe restituir as energias.
O abraço capaz de suportar toda a fragilidade dela havia sido capaz de despertar-lhe a cura.
Texto lindíssimo.
ResponderExcluirObrigada, querida!
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