quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Vamos celebrar o cinema brasileiro


Tenho lido muitos comentários sobre o filme "Ainda estou aqui", dirigido pelo cineasta brasileiro Walter Salles, e tenho procurado assistir às entrevistas concedidas por Selton Mello e por Fernanda Torres.


Os atores, que vivem Rubens e Eunice Paiva no longa metragem, têm tido muito a dizer sobre ele, mas também têm falado muito a respeito de suas maneiras de olhar para a vida.

Selton, sempre mais emotivo, falando sobre o Alzheimer da mãe e de Eunice, o que sempre nos põe a refletir. Fernanda visivelmente admirada com a força da mulher e da personagem que interpretou com tanta técnica e talento.

Falar sobre o filme é chover no molhado. Basta salientar que a personagem Eunice idosa e adoecida, representada por Fernanda Montenegro, é a grande porta voz do seu título, fazendo isso sem dizer uma palavra. Sim, o silêncio é também protagonista da trama, o que denota a imensa sensibilidade do diretor. No mais, é só dizer que a todos os elogios que lhe foram feitos o filme faz jus.

O que tem me importado nos últimos dias, além de me aprofundar na história, são as falas de Fernanda Torres sobre o sucesso de "Ainda estou aqui". Ela tem se mostrado uma mulher amadurecida e fascinante.

A atriz tem sentenciado abertamente: é preciso ficar feliz e orgulhoso pelo longa desde já. Há que se ter sabedoria para enxergar o valor dessa obra cinematográfica pelo que ela é, e afastar essa mania de querer um porvir incerto e alcançar essa ou aquela premiação para validar as conquistas que o cinema brasileiro já merece faz tempo.

O valor de alguma coisa é intrínseco. O que vier além disso é bônus e pode ou não chegar.

Como acontece com o cinema, esse cacoete de corrermos sempre atrás da cenoura prometida é o que muitas vezes nos impede de experienciarmos uma vitória até a última gota. Precisamos aprender com a repercussão de "Ainda estou aqui".

Um cinema que produziu "Central do Brasil", "Flores raras", "Nise: O coração da loucura" e"O filme da minha vida", para dizer o mínimo, não merece ficar à mercê de uma estatueta de ouro no final do arco-íris para poder celebrar. Como diz Fernanda Torres, já podemos abrir o champagne.