Ontem o cantor chegou aos 81 com o charme dos oitentões do nosso tempo e a elegância que só quem viveu cada uma das idades que teve pode atingir.
A primeira vez que o vi, acelerei inteira numa autêntica reação de surpresa e admiração. Éramos três gerações da família na plateia e cada uma o sentiu a seu próprio modo. Aquele terno azul e impecável, um banquinho e um violão no Teatro Mecanizado do Quitandinha me fizeram descobrir acordes insondáveis. Foi graça, vida, força e luz.
Memórias com ele, quem não as têm? Se pensar na minha linha do tempo, "Alegria, alegria" é a lembrança mais antiga. Criança, cantarolava-a sem sequer supor o que seriam cardinales, mas a melodia e as rimas já haviam me arrebatado. Já adolescente, nos tempos das festas em que se ofereciam músicas às pretendidas, os alto-falantes do colégio chamaram o meu nome e dedicaram-me "shy moon". Fiquei verdadeira e adolescentemente encabulada. Alguém havia se declarado para mim. Mãe, costumava cantar músicas do compositor para embalar o sono do meu filho. Hoje eu o escuto sempre que desejo ensolarar a alma.
Outro dia, ouvindo-o cantar com Roberto Carlos, comentávamos entre amigas, como está gostoso o Caetano! E rimos de nossas opiniões unânimes e ousadas.
Ele amadureceu, e isso é coisa fina. Muitos só envelhecem mesmo. Ele hoje canta ainda melhor, sabe de si, por isso mesmo, está um homem no esplendor da sua beleza. Salve a Bahia, que gerou e pariu um filho desse naipe!
Que venham outros aniversários, para que continuemos a beber Caetano na fonte e a nos embriagar!
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