Em sua sombra, em dias de sol, descansavam funcionários sorridentes para fugir do calor. Em dias tristes, algumas famílias consolavam-se em torno dele das notícias ruins recebidas em um hospital. Era uma árvore acolhedora.
Nos fins de tarde, abrigo de passarinhos. Em seus galhos pulsava a vida, a seiva, sangue verde de fazer viver os vegetais.
Tentando ampliar o pátio, foram cercando a árvore com cimento e piche. Forte, ela não se rendeu. Permanecia produzindo frutos que, aquela altura, atingiam algum carros desavisados.
Ela não agradou.
Condenada ao corte e sem ter para onde expandir suas raízes, virou um tronco-toco aparentemente apático.
Mas, não sei se por mãos humanas ou pela proeza do bico de algum pássaro, foi parar naquele tronco o manacá da serra de que falei lá no início.
Este ano ele floresceu. Está ainda menino, um arbusto adolescente se tanto, mas floriu por todos os lados. E pulsa lilás e um pouco branco para celebrar a vida. Está lindo!
Não produz sombras, não dá abrigo, mas transborda flores e alegra espíritos, equilibrando-se entre uma canção de Gil e outra de Djavan. A vida é ciclo. Vezes inteiro, outras interrompido. Cada ser tem seu espaço e seu tempo, mesmo que brote em lugares e circunstâncias improváveis.
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