É possível ler o tempo nas folhas das sapucaias verdes, amarelas, marrons e púrpuras ou rosa-avermelhadas. São estações de cores que sinalizam as estações do ano, como se fossem relógios poéticos a mostrar que a ampulheta da vida está sempre em movimento.
Hoje à tarde, saí para colher fotos da praça em festa e me deparei com uma profusão de imagens e de sons: crianças correndo atrás de bolas, pais fazendo bolhas de sabão, um drone aterrissando no meio do jardim, meninas andando de patins e bicicletas, cachorros rolando no gramado. A proximidade da primavera parece mudar o astral serrano e verter alegria pra todo lado. Degusto.
Flagrar a estação das cores na praça requer atenção e agilidade. As copas das árvores trocam de roupa em questão de dias e nem sempre há sol o bastante para iluminá-las e mostrá-las em sua melhor versão. É o tempo passando voraz e apressado. Fiz o melhor que pude.
De repente me dei conta de que as roupas para o frio de dias atrás deram lugar aos shorts, bermudas e camisetas para aproveitar o calor generoso do domingo à tarde _. As pessoas estão leves e felizes. Sinto o vento tépido no_ rosto e sorrio. Cheiro de primavera chegando é como comida bem feitinha no fogão à lenha: manifesta fome.
Fome de banho de mar. De pôr de sol na estrada. De café quente de manhã cedinho. De balanço na rede da varanda. De conversa boa com amigos num jardim. De abraço dos amores da vida da gente. Fome de um dia após o outro com vinte e quatro horas no meio.
Quando as folhas se espalham pelo chão em qualquer estação é sinal de que devemos bem-aproveitar os dias para eternizá-los em nossas vivências. Há sempre alguns mistérios e belezas insondáveis que não se revelam em fotografias.
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