De repente a gente se dá conta de
que viveu um grande amor. Um sentimento todinho maiúsculo e que, mesmo que não
tenha durado a vida inteira, foi capaz de nos transformar para a eternidade. Não
que não soubéssemos antes, mas agora essa certeza é ainda mais clara e pungente.
E aí descobrimos que nossas vidas estão divididas em antes e depois desse amor.
Que ele foi fundamental para o nosso crescimento, que nos fez conviver
genuinamente com a partilha, com todas as nossas impossibilidades, que nos
apresentou o respeito amplo e irrestrito pelo ser humano que somos. De repente
nos damos conta de que fomos verdadeiramente amados e de que em verdade amamos.
Que naquele relacionamento não havia rede de proteção. Que era saltar e ter
certeza do amparo, do abraço, do afago, da escuta, do beijo, da cumplicidade, do
encontro.
Há parceiros amorosos que nos
mostram o melhor de nós. Que nos enxergam antes de nós mesmos, compreendem
nossas falhas e nos apontam nossas possibilidades, que respeitam nosso tempo de
chegada e, sobretudo, não nos apressam. São puro e autêntico acolhimento. Nos
veem e, ainda assim, não se espantam, escolhem permanecer, somar, dividir,
ouvir, calar e dizer. Escolhem trilhar o caminho lado a lado conosco em
harmonia, transcendendo os solavancos que o dia a dia nos dá, ainda que por um
tempo. Há encontros que são de corpos, de sentimentos e de almas e que, por
isso mesmo, nos fazem querer ser amigos melhores, amores melhores, amantes
melhores, pessoas melhores. Do convívio com alguém assim, saímos sempre uma
versão aprimorada de nós mesmos. Inteiros e fortalecidos. Damos um upgrade em
nossa humanidade. Isso não se mede.
São encontros que suplantam as
lembranças e a presença, ficam vivos na pele, nas retinas, no coração, não saem
de nós. São pessoas que passam pela vida da gente e fazem morada, ainda que
resolvam partir. Gente encantada e encantadora que nos faz ver a vida de um
jeito mais simples e que, mesmo ao ir embora, nos deixa a leveza e um refúgio
de paz como herança. Gente capaz de plantar em nós uma essência de otimismo e
esperança. De despertar nosso olhar mais colorido para a incrível oportunidade
que é viver, bem como a habilidade para ver que a felicidade é o grande motivo
e que ela existe mesmo em dias tristes ou repletos de saudade.
Há relacionamentos marcantes e
amadurecidos que, por motivos, explicáveis ou não, não foram feitos para durar a vida toda. Quando isso ocorre, não há desespero na partida. Há dor, respeito
e compreensão. Separação: prova de fogo para qualquer amor. Sua sobrevivência a
um abalo desses, a constatação de que a liberdade é laço inquebrantável entre
aqueles que se amam. Diante da ausência e da partida do amado, os telefones não
tocam desesperada e desesperadoramente nem explodem em oitocentas mil mensagens
de amor desaforado que não aceita a decisão do outro. Tudo é paz, ainda que uma
paz dolorida e tristonha e que demore um tempinho para se tornar aquela falta
gostosa de sorriso de canto de boca a cada lembrança. Há uma beleza cheia de
dignidade nesse tipo de separação. O que fica é gratidão imensa por ter podido
viver um relacionamento desse quilate. Por ter podido semear e colher a florada
dessa relação. Por ambos saírem dela tomados de força e coragem. A não ser a necessidade de um de partir e o
desejo do outro de permanecer, tudo é recíproco. E o respeito suplanta todo e
qualquer desejo. Não há espaço para cobranças ou acusações.
A esta altura, você já sabe que o título desta crônica tem, sim, estreita relação com o filme inspirado no romance homônimo de Jojo Moyes, a que assisti e achei imperdível e fascinante, não apenas pelo grande dilema que propõe, mas por evidenciar as profundas mudanças que um amor pode causar em seus pares, sobretudo quando se está aberto para que elas aconteçam. Um amor assim não se esquece e, quando a saudade bate, ela é só saudade, autêntica e sublime, saudade-presença sem qualquer visgo de melancolia. Amar é também se abrir, viver e descobrir, na contramão do que diz o poeta, que há amores que se sagram eternos porque duram infinitamente.
A esta altura, você já sabe que o título desta crônica tem, sim, estreita relação com o filme inspirado no romance homônimo de Jojo Moyes, a que assisti e achei imperdível e fascinante, não apenas pelo grande dilema que propõe, mas por evidenciar as profundas mudanças que um amor pode causar em seus pares, sobretudo quando se está aberto para que elas aconteçam. Um amor assim não se esquece e, quando a saudade bate, ela é só saudade, autêntica e sublime, saudade-presença sem qualquer visgo de melancolia. Amar é também se abrir, viver e descobrir, na contramão do que diz o poeta, que há amores que se sagram eternos porque duram infinitamente.
Observação:
Foto disponível em https://pixabay.com/pt/p%C3%B4r-do-sol-mar-de-barco-navio-675847/
Nenhum comentário:
Postar um comentário