Garibaldi era um gatinho arredio.
Opa! Ah, sim! Vou falar de um gatinho que
para falar do personagem histórico, Giuseppe Garibaldi, há bastantes
historiadores competentes. Voltando ao
felino, Garibaldi foi abandonado por sua família original, assim que esta mudou
de endereço. Ele e uma adorável irmãzinha foram deixados sozinhos numa casa sem
água nem comida, entregues à sorte. Sem qualquer combinação, eu e outros
vizinhos, resolvemos alimentá-los.
Todos dois eram bem miudinhos,
embora não fossem filhotes, mas se a relação com a fêmea era bem fácil, Gari
não chegava nem perto de nós. A “menina” deve ter sido adotada, ele continuava
lá, só e fugidio. Num dia de chuva, me seguiu até em casa e, uma vez que pus um
potinho com água e outro com ração na varanda, ele jamais foi embora. Era uma
relação a distância: fugia de nós, dormia no balanço e estava feliz.
Garibaldi na rede, meu companheiro de embalo |
Como havia sido criado soltinho
da silva por aí, não se adaptou quando quis trazê-lo para dentro de casa. Era
julho, estava frio e me preocupava com o seu bem-estar. Em casa, miava uma
barbaridade e se batia contra as janelas querendo sair. Desse modo, mesmo no
frio, Gari ficava no quintal e dormia na varanda, vezes no balanço, vezes
dentro de um cestinho preparado com todo carinho para ele.
Valente, virava e mexia, metia-se
em disputas felinas com os gatos da vizinhança até que um dia sumiu. Uns três
ou quatro dias depois foi achado por uma conhecida e levado muito machucado a
uma clínica onde permaneceu internado. Ficamos angustiados, não tínhamos
notícias dele. Quando soubemos de seu
paradeiro e de sua situação, eu e minha família trouxemos o bichano para casa.
Estava extremamente ferido. Eram curativos e cuidados diários e muita sujeira
para limpar algumas vezes por dia. Depois de melhorar um bocado, de ficar mais
forte, passou por uma cirurgia para amputação do rabo e vieram mais cuidados,
mais curativos, mais despesas, mais sujeira, mais limpeza, mais dedicação.
Minha área de serviço virou uma enfermaria por uns três ou quatro meses. Com os
mimos recebidos, Garibaldi teve uma recuperação surpreendente.
Faltava quase nada para a cura
completa, apenas uma pequena feridinha perto do coto de seu rabo, quando o
gato, que já estava bem fortinho, começou a se sentir incomodado com o fato de
estar “preso” e novamente começou a bater-se contra as janelas na tentativa de
ganhar a liberdade.
Eu o soltei. Ele ficou numa felicidade
sem medida. Lá estava o Garibaldi em cima do telhado apanhando sol novamente.
Como era de costume, ficava na minha varanda, vinha fazer as refeições e
aproveitávamos para cuidar do ferimento devolvendo-o logo em seguida a sua vida
independente, assim se passaram dois dias. Depois disso, ele
sumiu e deixou uma enorme saudade em seu lugar.
Prefiro pensar que está vivo, que
alguém tenha visto aquela pequena ferida e que, sem saber de toda a sua
história, tenha se apiedado dele e o levado para casa para lhe dar abrigo e
cuidado. Pensar dessa maneira me conforta.
No último dia 13, fez um ano que
meu gatinho malandro, meio Mandachuva e meio Batatinha, foi embora sem deixar
sinal e, como ele marcou a minha história, fiquei pensando em tudo o que pude
aprender com a presença e com a ausência dele em minha vida.
A primeira lição que aprendi foi
que amor de bicho é autêntico. Não faz média nem nove horas. É papo reto. Fica
tudo às claras sempre. Se quer proximidade demonstra e quando quer distância
também.
A segunda foi sobre a importância
da adoção responsável. Bichinho é para sempre. Na alegria e na tristeza, na
saúde e na doença. Isso precisa estar claro. O tratamento de Garibaldi custou
uma nota em um momento bem complicado a minha vida. Ainda assim, como deve ser,
eu e minha família não abrimos mão do pequeno por conta disso.
Cafuné no Garibaldi |
Que lindo, Marise. Quem amou um gato não consegue mais viver sem eles... Eles tem muita paciência com a nossa pouca sabedoria. 😻
ResponderExcluirBjos
Eliza Leal
Eles são fofos, Eliza. E nos cobrem de carinho. Não consigo entender porque há tanta resistência com os felinos. A relação de amizade com eles é uma delícia.
ExcluirBeijos,
Marise.
Nos ensinam muito mesmo mas só alguém sensível tira dessa relação ensinamentos que transporta para as relações humanas
ResponderExcluirObrigada pela leitura e pelo comentário.
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