domingo, 24 de julho de 2022

Entre mãe e filho

Fala-se bastante sobre a maternidade por agora. Verdades sobre ser mãe têm sido ditas de todos os jeitos e em todos os veículos de comunicação. Mas outras verdades têm sido desqualificadas e isso me deixa perplexa e reflexiva.

Quem foi que disse que desejar ser mãe desde que se conhece por gente é romantizar a maternidade? E que ter um filho não pode ser a realização de um sonho?

Engravidei uns três anos depois do casamento, mas a gravidez não foi adiante. Já tinha até roupinhas de bebê quando a gravidez se interrompeu sozinha e o sonho se esvaziou. Chorei à beça pela perda daquele(a) que foi um sonho. Eu era muito novinha. Entendia muito pouco do assunto.

Aos 23 anos, engravidei pela segunda  vez. Tive medo. Medo de perder. Medo de doenças. Medo do momento parto. Medo de não saber criar a criança. Medo de não dar conta do recado  do filho, do casamento, da casa, do trabalho, etc. Tive medo!

Sim, acolher um bebê em seu ventre faz você enxergar o tamanho da sua vulnerabilidade e isso é assustador. Mas venci o medo devagarzinho com muito carinho na barriga ao som de música clássica e muita mpb (fui do tipo de grávida que punha fones de ouvido na barriga pro bebê poder ouvir melhor as  canções) para poder curtir, e muito, a gravidez.

O menino nasceu como tinha que nascer, o parto, por indicação médica, foi cesáreo.  Correu tudo bem e eu encontrei aquele par de olhinhos pela primeira vez. Foi sublime.

Aos 24 anos tinha me tornado mãe.  Era realização de sonho. Conquista. Desafio. E  amor. Tudo junto e misturado ao mesmo tempo agora. A vida inaugurou-se na corda bamba  sem sombrinha.  Meu coração de mãe perdeu definitivamente o sossego e começou  uma aventura repleta de amor  na vida.

Aos 32 anos, quando me separei, fiquei mãe solo. O pai de meu filho, embora sempre tenha pago a pensão alimentícia em dia, começou a rarear na vida do meu/seu filho. Senti ainda mais medo.

Venci meus medos acolhendo o carinho que meus pais, minhas  tias e  meus amigos me davam. Com o atendimento de um profissional competente. Com muita leitura sobre o tema. E, sobretudo, venci o medo com a minha fé num Deus protetor e misericordioso e com as bênçãos que Ele sempre mandou. Venci meus medos enfrentando a situação e levando meu filho aonde quer que eu fosse sempre que possível.

Hoje o filho está aí , aos 26 anos, e vencemos cada uma das muitas fases/lutas da maternidade juntos. Nem sempre é ou tem sido fácil. Os medos trocaram de roupa e de tamanho, mas ainda devem ser vencidos a cada dia. Por aqui,  vamos juntos "caminhando e cantando e seguindo a canção". Muitos desafios. Muito tête-à-tête. Muitas descobertas. Muito chão para pisar e caminhos pela frente. Seguimos.

Romantizar a maternidade, eu?! Nunquinha!! Mas que sempre sonhei com ela e que ela é realização de um sonho, não vou, não quero, não posso negar. Cada um sabe de si! Há coisas que são entre mãe e filho.

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